Em era de ONs, quanto valem os OFFs?

Em era de ONs, quanto valem os OFFs?Como o ambiente analógico nos conduz de volta à realidade da convivência humana e qual é o seu papel na construção da nossa linha do tempo fora da internet? O que era "ultrapassado" se revela um forte condutor das relações sociais.

“A vida é um encadeamento de relações. Nada no universo existe por si só. Tudo é interdependente" e "Tudo o que vês existe num delicado equilíbrio", duas crenças, dois posicionamentos que nos provocam a repensar a vida como um emaranhado, um entrelaçado e uma rede de conexões.

A primeira traduz a essência de uma das marcas mais expressivas do mercado de cosméticos mundial, que possui participação ativa na agenda pública do Brasil por meio de ações e rituais conscientes que promove melhorias para a sociedade, a Natura Cosméticos.

A segunda, fala do Mufasa, icônico personagem do profundo, cativante e convidativo do universo Disney que, em meio à ludicidade da sua relação com a família e com a comunidade, nos traz para a realidade acerca do universo e da preciosa linha do tempo chamada vida.

E qual é a relação entre as duas citações e como elas coexistem ao longo da nossa jornada?

Em um conteúdo publicado recentemente no LinkedIn, discorri sobre a importância de criar laços com o que nos cerca para sermos relevantes a fim de gerar impacto positivo na vida das pessoas. Na oportunidade, apresentei um pequeno estabelecimento de bairro, 100% offline e 0% online, e contei um pouco sobre o impacto que ele gera na vida da comunidade local ao longo de décadas e gerações.

Esse impacto é gerido por diálogos construídos por anos de respeito no ambiente físico através da presença e da ação real, que gera resultados ao vivo e que nos leva a acreditar na criação de uma corrente física sólida e perene.

O que aprendemos com isto? Em meio ao surgimento de inúmeras ferramentas que nos possibilitam falar instantaneamente com qualquer um e em qualquer lugar, criamos uma distância e uma falsa impressão de proximidade.

Neste processo, perde-se o papel das relações presenciais, táteis, humanas e ativas no dia-a-dia. Perde-se a capacidade da troca energética, que movimenta o instinto humano e colabora na construção de valores e crenças.

Este não é um exercício de julgamento entre o bem e o mal ou o certo e o errado. Este é um convite à reflexão acerca do que nós, seres sociais, podemos fazer para evoluir de maneira sadia, perene e firme.

Comunidades nasceram da troca e do compartilhamento. Impedir que olhemos uns para os outros com o "olhar físico" é suprimir a possibilidade de exercemos nossa maior verdade, e o desdobrar dessa supressão pulveriza, mas, não qualifica.

Onde mora a qualidade das nossas relações? No conforto da existência, na força da presença, na sensação do toque e na energia do olhar. Seja nas relações pessoais ou profissionais, o "estar presente" se torna uma poderosa ferramenta de construção da verdade, da esperança e da alegria.

Nas relações de troca, é possível equilibrar a balança e "dividir os pesos", as responsabilidades e potencializar um crescimento exponencial. Este conceito se desdobra ao longo dos mais variados contextos. Seja nas relações com família, amigos e colegas ou na construção de um ecossistema mercadológico produtivo e justo, onde marcas assumem posições, posturas, lugares de fala e de defesa do que é público, social e que faz parte de um universo maior.

Negócios e pessoas podem ocupar lugares menos polarizantes, colocando-se em posições de responsabilidade e protagonismo no que tange os movimentos do mundo. As relações de transparência têm o poder de construir narrativas de crescimento e evolução.

Vidas ocupadas de mais se preenchem pelo vazio do efêmero e pela ausência da presença.

É possível, através do ambiente digital, impulsionar a comunicação em ampla escala, mas, jamais, substituir a experiência da convivência física. O protagonismo se constrói através da constância e da permanência, ambas demarcadas pela existência.

Relações bem construídas despertam a consciência coletiva e fomentam o conjunto de crenças e de sentimentos comuns do cotidiano social.